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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A Ameaça das Cantigas de Ninar, Por Betty Milan

Imagem via Photo Post Blog

Mãezinhas:
Quem não ouviu ou foi embalado por esta canção? Ai..Ai..Ai...
"Quem dorme aceita se retirar da realidade e ficar indefeso. Essa retirada, sem a qual nós não vivemos, pode ser angustiante e deve ser facilitada. Por isso, espera-se de uma canção de ninar que seja apaziguadora.
No entanto, ainda hoje, no Brasil, ouve-se a canção aterradora com a qual fui criada. Tive o desprazer de constatar isso ligando a Rede Globo e vendo um ator que cantava; enquanto segurava um bebê nos braços; “Dorme, neném, que a Cuca vem pegar. Papai foi pra roça, mamãe foi passear”. O rosto do ator era bonito e do bebê, comovente- dois anjos. Mas, sem ter consciência do que fazia, o ator ameaçava a criança. Dizia-lhe que o pai e a mãe estavam ausentes, e, caso não dormisse, a Cuca a levaria.
Popularmente, a Cuca é uma velha feia parecida com um jacaré. Segundo o Aurélio, um bicho-papão ou papa-gente. E, de acordo com Monteiro Lobato, uma bruxa com unhas compridas como as de um gavião.
Como explicar a vigência de uma canção de ninar tão assustadora, se não pelo sadismo dos adultos em relação ás crianças? Um sadismo cujas consequências podem ser nefastas.
A educação começa no berço, com as primeiras palavras, que tanto podem abrir quanto fechar os nossos caminhos. Isso significa que o educador — o pai, a mãe ou outra pessoa – precisa atentar para o que diz.
Em vez de fazer menção á Cuca, porque não escolher, por exemplo, uma canção de ninar como as dos Beatles, Good Night? “Hora de dizer boa-noite. Boa noite durma bem. O sol já apagou sua luz. Boa noite durma bem”. Uma canção que associa o sono à desaparição do sol, fazendo dele um fenômeno natural.
Ninguém é obrigado a procriar. A obrigação está fora de moda. Mas quem tiver filho precisa se ocupar dele durante a infância com devoção e inteligência. Contrariando os hábitos, se preciso for.
A vida não é fácil e, para evitar dificuldades futuras, a prevenção é sempre melhor do que o tratamento. Nós só nos esquecemos disso porque não somos educados para ser felizes, e sim para repetir o que os outros fizeram sem questionar."
A psicanalista e escritora Betty Milan, assina a coluna Consultório Sentimental na Revista  Veja, de onde foi transcrito, na íntegra,  este texto.

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